Mitos sobre TDA-H que são muito tóxicos

O TDA-H é uma condição do neurodesenvolvimento, não é preguiça, irresponsabilidade ou falta de força de vontade. O TDAH afeta muito mais do que o foco (e a questão do ''hiper foco'', que nem sempre se concentra em assuntos e atividades funcionais) — o TDAH também afeta a regulação emocional, o funcionamento executivo e o gerenciamento da vida diária. Embora a medicação seja bastante eficaz, o gerenciamento do TDAH é multifacetado. 




Viver com o TDAH geralmente significa se sentir incompreendido — preso em um labirinto de equívocos que a sociedade perpetua seja por falta de informação e/ou de sensibilidade. Esses mitos tornam a vida ainda mais difícil para aqueles com TDAH e ofuscam os pontos fortes e características positivas que essas pessoas trazem ao mundo. À medida que a conscientização cresce e as pesquisas avançam, é hora de se libertar dessas mentiras tão tóxicas. Vamos desmascarar alguns mitos generalizados sobre o TDAH:


''O TDAH não é real''

Um dos mitos mais prejudiciais é a alegação de que o TDAH não é uma condição legítima. As pesquisas e investigações na área de saúde mental, provam o contrário. O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por diferenças na estrutura e função do cérebro. Estudos usando imagens cerebrais têm consistentemente mostrado atividade reduzida no córtex pré-frontal, que é responsável por funções executivas como planejamento e controle de impulsos. Reconhecer o TDAH como uma condição legítima é o primeiro passo para entender e permitir que aqueles com o diagnóstico recebam o suporte adequado.






''O TDAH é apenas uma má criação/educação'' 

Por anos, o TDAH tem sido injustamente atribuído aos estilos de educação e criação. Esse equívoco ignora as origens genéticas e neurológicas da condição. Um estudo inovador em 116 adolescentes e adultos com TDAH na infância descobriu que o TDAH é altamente hereditário, com a genética respondendo por cerca de 70-80% dos casos. Embora um ambiente doméstico de apoio possa ajudar a controlar os sintomas e melhorar as funções executivas, o TDAH não é causado pelo ''tipo de criação dos filhos''. 


 



''O TDAH afeta apenas meninos''

Embora o TDAH seja frequentemente diagnosticado em meninos, meninas e mulheres frequentemente não são diagnosticadas porque seus sintomas parecem menos evidentes, principalmente no comportamento da hiperatividade mais evidente. Os meninos tendem a exibir comportamentos hiperativos e impulsivos mais expostos socialmente, enquanto as meninas são mais propensas a exibir desatenção e lutas internalizadas. Essa apresentação de gênero significa que muitas mulheres não recebem um diagnóstico até a idade adulta (muitas não recebem um diagnóstico adequado até o final dos 30 ou meados dos 40 anos) após anos lutando (e sofrendo) em silêncio.






''TDAH é apenas sobre ser hiperativo''

Pesquisas iniciais sobre TDAH viam a hiperatividade como a marca registrada do transtorno (e por esse motivo mais associado a meninos), e para alguns é, mas para a maioria não é a história toda. Muitos indivíduos com TDAH lutam principalmente com desatenção, desorganização e outros desafios de função executiva, como cegueira temporal, tomada de decisão e regulação emocional. A apresentação "predominantemente desatenta" é frequentemente esquecida, especialmente em adultos e mulheres, mas é tão tão debilitante quanto a hiperatividade.






''Pessoas com TDAH são preguiçosas''

TDAH não tem nada a ver com preguiça, o que é uma percepção terrível sobre TDAH, provavelmente alimentada pela falta de consciência ou compreensão. Muitas pessoas (e coaches e psicoaches) acreditam e vendem em cursos, que aqueles com TDAH só precisam "se esforçar mais". Na realidade, aqueles com TDAH geralmente estão se esforçando mais do que a maioria para compensar seus sintomas. O que é visto como ''preguiça'' é, na verdade, desafios para iniciar e sustentar esforços devido às diferenças na regulação da dopamina. A dopamina, a substância química de recompensa do cérebro, desempenha um papel crítico na motivação. Pesquisas destacam como déficits de dopamina em indivíduos com TDAH podem dificultar o início (e desenvolvimento) de tarefas — especialmente as comuns — mas isso é um problema neurológico, não uma falha de caráter.





''O TDAH é uma desculpa para mau comportamento''

O equívoco de que o TDAH é usado como desculpa enfraquece as lutas reais que os indivíduos com TDAH enfrentam. O TDAH pode levar à impulsividade, esquecimento e dificuldade em controlar as emoções, mas esses comportamentos são sintomas de uma condição neurológica — não desculpas. Quando alguém com TDAH é corajoso o suficiente para "desmascarar" seus sintomas e compartilhar sua luta, ele merece ser recebido com compreensão e empatia para ajudar a reduzir o estigma e incentivá-lo a continuar buscando apoio.






''O TDAH desaparece na idade adulta''

O TDAH não é algo que as pessoas superam. Pesquisas mostraram correlações encontradas entre a intensidade dos sintomas na infância (incluindo relatos sobre a intensidade do movimento) e a prevalência do TDAH continuando na idade adulta. Embora alguns sintomas possam diminuir com a idade, muitos adultos continuam a enfrentar desafios relacionados à atenção, organização e impulsividade. A persistência do TDAH na vida adulta é bem documentada, com aproximadamente 60% das crianças com TDAH continuando a apresentar sintomas quando adultas. 





Então, ao deixar essas mentiras, mitos e fake news tão tóxicos para trás, isso nos liberta para abrir uma porta que nos levará a um modo de vida mais fortalecido, pois abandonar essas fake news nos desperta as iniciativas de procurar os suportes necessários, profissionais, adequados e eficientes para uma trajetória de vida nova que seja muito mais feliz, independente e funcional.

 



Martin, Joanna. "Why are females less likely to be diagnosed with ADHD in childhood than males?." The Lancet Psychiatry 11.4 (2024): 303-310.

https://institutodepsiquiatriapr.com.br/blog/diagnostico-do-tdah-em-adultos-por-que-e-tao-dificil/



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