O problema do ‘BULLYING’ ainda é ignorado no Brasil.

O 'bullying’, um problema muito sério que vem à tona mais uma vez por conta deste último atentado em Goiânia/GO, é um tema ainda tão subestimado pela opinião pública no país que ainda não se tem uma denominação em português no Brasil. Um assunto importante e difícil que precisa de muita atenção. 
A maioria dessas práticas de bullying envolve casos em que o agressor é provavelmente dotado de algum privilegio, enquanto a vítima, é alguém que costuma ser de personalidade, estilo, gostos, interesses, situação e comportamento diferentes dos padrões mais dominantes.
Geralmente o agressor varia entre um sujeito com problemas sociais crônicos, como o transtorno de personalidade anti-social, ou então o tipo de agressor que costuma ser mais relativizado pela sociedade, que é ”o/a cara/garota legal” que adora ‘zoar’ com quem é visto como diferente, 'esquisito'. 
No primeiro caso, geralmente é algum garoto dotado de impulsos violentos que agride outro mais frágil e sensível. No segundo caso, é quase sempre um/a rapagão/garota querido/a e admirado/a por muita gente e que se deixa valer de seu carisma sobre todos para humilhar os outros em um triste e sádico espetáculo de atrocidades morais contra alguém fora de algum perfil ou padrão super valorizado.
A realidade é muito dura para a maioria das pessoas e os/as “caras/garotas legais” que humilham os/as ditos/as 'losers' são os que mais conseguem se dar bem na vida social, e isso ilude muito professores e pais de família.
Afinal, esses “queridinhos” são dotados de grande carisma e influência e esse poder deles é reforçado quando boas pessoas, não necessariamente agressoras, ficam do lado deste tipo de agressor superpopular em suas práticas de bullying.
Tudo isso contribuiu durante muito tempo para enganar e ainda engana muita gente que acredita que o bullying era apenas uma “brincadeira saudável” entre crianças e adolescentes. A ação covarde dos “valentões” e ”queridinhos” contando com a conivência do ‘cidadão de bem’ é também o embrião para o assédio moral, abusos de poder, corrupção e assassinatos de reputação.
Hoje tem ainda a sua versão na Internet, o cyberbullying, com campanhas ofensivas nas mídias sociais ou até mesmo blogues criados especialmente para fazer calúnias e difamações. Mas isso já é bastante comentado e conhecido.
Um dado interessante é que, há também a frequente mania de dissimulação e até mesmo a Projeção, transtorno psicológico comum entre os brasileiros. Na Projeção, o algoz atribui à vítima os defeitos próprios que são dele. Neste sentido, muitos adultos que em sua infância e adolescência haviam humilhado os outros através do bullying, hoje em algum momento se dizem vítimas dessa prática.
Alguns praticantes de cyberbullying  por exemploincluindo os que fazem ataques racistas, misóginos e homofóbicos entre outros, além dos que se consideram ”zoeiros”, tem os que se denominam “nerds” ao usarem uma linguagem desbocada e irônica. O que parece incoerente, pois ”nerds” são vítimas frequentes de bullying. 
Uma visão também equivocada é a de pessoas que em grande parte são ou foram praticantes de bullying ao insistirem em propagar que esta violência traz um suposto estímulo de superação nas vítimas. Um pensamento egoísta e facilmente refutado diante do quanto o bullying foi e ainda é prejudicial para a maioria das vítimas em suas trajetórias e do quanto ainda gera mais violência e finais trágicos.
De acordo com algumas pessoas que ainda amenizam essa forma de violência, a tal ”brincadeira” caso incomodasse muito a vítima, poderia ser ”solucionada na saída da escola'', expressão comum para se referir a resolução do problema através da violência e pancadaria. As vezes uma ação incentivada até pelos pais das vítimas.
O problema do bullying é tão complexo, subestimado, ignorado e pouco discutido ainda que raros conseguem identificar a situação de fato. Pois até pouco tempo o bullying era considerado sobretudo “brincadeira”, ou as vezes havia quem o denominava como ‘implicância’ entre colegas.
Por conta dessas situações, esse termo e seu significado ainda permanecem vagos para o brasileiro perceber o problema claramente. Em alguns momentos o bullying também é relacionado ao assédio moral geralmente praticado no ambiente de trabalho e corporativo.
Portanto, diante de tantas tragédias desta temática emergindo no país, precisamos com urgência refletir e conversar sobre o bullying principalmente conforme o cotidiano brasileiro, seja no ambiente escolar, familiar, social, virtual ou profissional. É necessário o envolvimento de profissionais da saúde, educação, além de toda a sociedade. Assim passando a buscar uma solução necessária e saudável para este problema tão sério, grave e cruel. 



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